uma ilha
cercada de palavras
por todos os lados (...)"
(Cassiano Ricardo)
Poesia é palavra. É linguagem. Todo o gênio do
poeta reside na invenção verbal (Jean Cohen - crítico de literatura). Poesia é
uma forma peculiar de dizer, de expressar.
Poesia não é, pois, a mera expressão de
sentimentos. De uma dor de cotovelo. De uma decepção amorosa. De uma canção de
amor.
Poesia não é a comoção diante de um pôr-do-sol ou
diante de uma paisagem. Até pode haver poesia numa declaração de amor ou num
poema que descreva o entardecer. Mas - insista-se - a essência da poesia não
está no próprio assunto, na expressão do sentimento, da comoção, do
encantamento. Poesia é palavra.
CREIO...
ResponderExcluirCREIO que a função principal da escola é a de desenvolver ao máximo a competência da leitura e da escrita em seus alunos.
CREIO na leitura, porque ler é conhecer - o que aumenta consideravelmente o leque de entendimento, de opção e de decisão das pessoas em geral.
CREIO na leitura como uma reação ao texto, levando o leitor a concordar e a discordar, a decidir sobre a veracidade ou a distorção dos fatos, desmantelando estratégias verbais e fazendo a critica dos discursos - atitudes essenciais ao estado de vigilância e lucidez de qualquer cidadão.
CREIO na escrita como instrumento de luta pessoal e social, com que o cidadão adquire um novo conceito de ação na sociedade.
CREIO que, quando as pessoas não sabem ler e escrever adequadamente, surgem homens decididos a LER e ESCREVER por elas e para elas.
CREIO que nossas possibilidades de progresso são determinadas e limitadas por nossa competência em leitura e escrita.
CREIO, por isso, que a linguagem constitui a ponte ou o arame farpado mais poderoso para dar passagem ou bloquear o acesso ao poder.
CREIO que o homem é um ser de linguagem, um animal semiológico, com capacidade inata para aprender e dominar sistemas de comunicação.
CREIO, assim, que a linguagem é um DOM, mas um DOM de TODOS, pois o poder de linguagem é apanágio da espécie humana.
CREIO que o educando pode crescer desenvolver-se e firmar-se linguisticamente, liberando seus poderes de linguagem, através da simples exposição a bons textos.
CREIO, por isso, em M. Quintana, que afirmou: "Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo, naturalmente.”
CREIO, pois, no aluno que se ensina, no aluno como um auto/mestre, num processo de auto ensino.
CREIO que o ato de escrever é, primeiro e antes de tudo, fruto do desejo de nos multiplicarmos, de nos transcendermos, e mesmo de nos imortalizarmos através de nossas palavras.
CREIO juntamente com quem escreveu aos coríntios, que a um o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro, ainda, o único e mesmo
Espírito concede o dom das curas; a outro o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, ainda, o dom de interpretá-las.
CREIO que a ti te foi dado o poder da PALAVRA.
CREIO, por isso, na tua paixão pela palavra. Para anunciar esperanças. Para denunciar injustiças. Para in(en)formar o mundo com a-vida-toda-linguagem.
PORTANTO, vem! Levanta tua voz em meio às desfigurações da existência, da sociedade: tu tens a palavra. A tua palavra. Tua voz. E tua vez.
Gilberto Scarton
Retirado do site: http://archive.org/stream/LerEscreverRedigir/JosCludioDaSilva-LerEntenderERedigir_djvu.txt